25.1.06

A Feira Medieval na Alta Coimbrã


A cidade de Coimbra tem na denominada "alta" se calhar o maior ex-libris da sua beleza e da história. É lá que encontramos a secular Universidade, a Sé Velha, o mais antigo vestígio da arquitectura romana no nosso território, o Museu Machado de Castro onde se encontar o famoso Criptopórtico, a Torre de Anto, inúmeras Repúblicas de estudantes, enfim..."História" até perder de vista.
Andar pelas ruas da alta é algo de místico e sinistro mas ao mesmo tempo encantador e romântico.
Dar vida à Alta sempre foi uma ideia que me surgiu como prioritária, se há local em Coimbra que merece ser adoptado como polo de interesse turístico, esse local é a Alta. Há mais quem pense como eu, claro.
Em 1990, numa reunião da Comissão Instaladora da ADDAC (Associação para o Desenvolvimento e Defesa da Alta Coimbrã), surgiu a ideia de se fazerem, entre outras actividades, "Feiras" no Largo da Sé Velha. Entendia-se que havia necessidade de restituir o Largo aos moradores, desobstruindo-o de viaturas, com o objectivo de este voltar a ser o centro cívico por excelência da Alta de Coimbra.
Em 1991, numa visita de cortesia à Vereadora do Pelouro da Cultura da Câmara de Coimbra, Dr.ª. Teresa Alegre Portugal, em que estiveram presentes António Frazão de Aguiar, Augusto Alfaiate e Daniel de Campos, foi abordada, entre outras actividades culturais previstas, a possibilidade da realização de uma "Feira Medieval", no Largo da Sé Velha, que teve, por parte da Vereadora, a maior receptividade.

Tal evento faz-nos recuar no tempo e leva-nos a um convívio de perto com almocreves, mercadores, mendigos, gentis-homens e clérigos. O espírito medievo de uma feira do século XIV invade o visitante e transporta-o para um tempo imemorial.

No ar pairam os mais variados aromas. Febras, torresmos e sardinhas, tostam nas brasas e são servidos em folhas de couve ou em pão de centeio. Chouriço cozido em vinho, diversos pescados e costeletas de javali, saciam outros apetites. Associando-se a estes cheiros, outros, mais doces, completam o menú. Assim, manjares de leite e mel, tijeladas, papas de melado, com sangue de porco e mel e frutos secos (especialidade da época) e as mais diversas frutas, completam a dieta alimentar da época.

A própósito desta feira fiz uma vez uma reportagem, durante a minha curta carreira de jornalista, para o jornal Diário de Coimbra. Foi dos trabalhos que mais me ficou na lembrança, pela cor que acabou por ter e pela extraordinária mistura de aromas e sensações que foram entretanto despertados.

Aconselho todos os que puderem a visitar pelo menos uma vez este espaço, vale a pena, sem dúvida nenhuma, por instantes esquecemos por completo os dias de hoje e sentimo-nos verdadeiramente noutra época!

<